quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Jornal Pioneiro e Zero Hora destacam milagre de Bárbara Maix


O Jornal Pioneiro, de Caxias do Sul (RS), destacou a beatificação de Bárbara Maix com foco no milagre atribuído a futura Bem-Aventurada. O milagre foi reconhecido pelo Vaticano por unanimidade. A matéria foi repercutida pelo jornal Zero Hora de quarta-feira (13). Confira a informação:

O MILAGRE DO MENINO ONORINO

Há 66 anos, Onorino Ecker poderia ter morrido em consequência das graves queimaduras que sofreu quando morava em Santa Lúcia do Piaí, interior de Caxias do Sul. O então menino teria sido curado por intercessão da Madre Bárbara Maix, uma austríaca falecida no Brasil em 1873. O suposto milagre foi escolhido pelo Vaticano para confirmar a beatificação da religiosa, no dia 6 de novembro, em Porto Alegre

Caxias do Sul – A história contada nas imagens acima é real. Aconteceu em Santa Lúcia do Piaí, interior de Caxias do Sul, em 1944. A criança, com quatro anos na época, tem hoje 70 anos e mora em São Lourenço do Oeste, cidade de 19 mil habitantes na divisa de Santa Catarina com o Paraná.

Sobrevivente de um grave acidente doméstico, o caxiense Onorino Ecker se tornou personagem de um caso que desafia céticos e a medicina. As graves queimaduras provocadas por água fervente e brasas teriam sido curadas por intercessão da Madre Bárbara Maix, uma austríaca falecida no Rio de Janeiro em 1873. Dos ferimentos, o agricultor guarda apenas uma cicatriz quase imperceptível na palma da mão direita.

Onorino Ecker teria sido curado por religiosa morta em 1873 - Juliana Balotin, especial ZH
Até então, o suposto milagre estava restrito à memória de Onorino e de moradores de Santa Lúcia do Piaí, além das religiosas que integram a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, fundada pela madre há mais de 150 anos. A partir de novembro, o agricultor ganhará a atenção dos católicos do mundo. Ocupará um lugar de honra na celebração de beatificação de Bárbara, que ocorrerá na tarde de 6 de novembro, no Gigantinho, em Porto Alegre.

A trajetória da religiosa, responsável por inúmeros trabalhos sociais em favor dos pobres, já chamava a atenção do Vaticano há muito tempo. Inúmeras graças e supostos milagres são creditados a ela. A extraordinária cura do menino de Santa Lúcia, porém, é vista como a prova maior da santidade atribuída a Bárbara. Foi o que convenceu o Papa João Paulo II, já falecido, a autorizar o processo de beatificação da madre ainda nos anos 1990 e que será concluído daqui a 30 dias.

O acidente – Poucas pessoas que testemunharam o suposto milagre estão vivas. Onorino diz ter poucas lembranças daquele período da infância, mas não esquece das dores das queimaduras. Antes de ser procurado por representantes da congregação, ele desconhecia a importância do seu caso para a Igreja Católica. Descendente de italianos, Onorino morava com a família em uma pequena casa de madeira na localidade de Macabúrio, a 15 quilômetros de Santa Lúcia. Era uma época em que os colonos se deslocavam a pé ou a cavalo por estradas barrentas e trilhas no mato em busca de serviços disponíveis apenas no distrito, entre eles, atendimento médico.

Onorino conta que o acidente aconteceu porque foi empurrado por um irmão durante uma brincadeira. Para não cair sobre um fogão improvisado no chão, o garoto se segurou em uma corrente que suspendia uma panela com água. O líquido fervente virou sobre ele. Segundos depois, o menino perderia a consciência. A mãe tentou acalmar a dor passando sabão e gordura de ovos fritos sobre o corpo do filho.

Guerino Camello, 85, primo de Onorino que ainda mora perto do local do acidente, foi uma das pessoas que carregou a criança em uma maca improvisada até o hospital de Santa Lúcia. Camello descreve o corpo do primo da pior forma possível: pele toda queimada e tomada por cinzas. Assustado com a situação, o médico responsável pelo hospital, Antonio Cantisani, disse que nada mais poderia ser feito para salvar Onorino.

A cura – Dulcídia Granzotto, irmã da Congregação Imaculado Coração de Maria, acreditava em milagres. Por isso reuniu a família do menino e outras pessoas no leito hospitalar. Em oração, o grupo pediu ajuda de Bárbara Maix. Nos relatos colhidos pela irmã Gentila Richetti, responsável por coordenar a investigação do caso no Brasil, as pessoas não relataram nada de anormal naquele dia. As mudanças viriam sete dias depois, quando Onorino acordou. Duas semanas mais tarde, o garoto deixava o hospital sem qualquer complicação ou cicatriz deformante.

– Só lembro da hora em que me queimei e de quando fiquei bom. Lembro das pessoas rezando em volta. Tinha uma coisa dentro de mim, que mexia com a gente, lá no hospital – diz o agricultor.

Apesar de intrigante, a história permaneceu esquecida até o início dos anos 1990, quando Gentila encontrou um relato da irmã Dulcídia nos arquivos da congregação. A intenção era abrir o processo de beatificação de Bárbara e, para isso, a igreja necessitava de um caso no qual a ciência não explica, ou seja, um milagre.

Gentila entrevistou testemunhas e conferiu documentos do período em que o menino ficou hospitalizado. O médico Cantisani, também já falecido, confirmou que a cura não tinha relação com a medicina. Por solicitação do Vaticano, Onorino foi examinado por peritos e médicos na Capital. O caso também passou por análise de teólogos de Roma.

– Havia outros dois milagres em Nova Prata e Frederico Westphalen, mas o Vaticano recomendou o de Caxias. Ele (Onorino) é um instrumento de Deus para confirmar a obra de Madre Bárbara – diz Gentila.




VÍDEO


adriano.duarte@pioneiro.com
ADRIANO DUARTE

 Agricultor estará em Caxias para inauguração de monumento

Depois da cura em 1944, Onorino Ecker e sua família permaneceram mais quatro anos em Santa Lúcia do Piaí e se mudaram para Erechim, no norte do Estado. Quando completou 12 anos, o menino foi com os pais e os irmãos para São Lourenço do Oeste, atraídos pela promessa de fartura na agricultura da cidade catarinense.

Onorino virou devoto da Madre Bárbara e nunca deixou de trabalhar na terra. Casou e teve oito filhos. Dois deles morreram logo após o nascimento. Nos anos 1990, ele trocou o campo pela zona urbana de São Lourenço. A primeira mulher morreu há 18 anos, e Onorino se casou novamente. Perdeu a segunda companheira há seis anos.

Atualmente, ele mora com uma das filhas. Tem 12 netos e duas bisnetas. Aposentado, faz biscates limpando lotes e cortando grama. Também dedica seu tempo livre para cuidar de três pequenas lavouras onde planta mandioca, batata, milho e feijão. Se diverte jogando canastra com amigos ou em bailes da terceira idade, que ajuda a organizar.

Ele aguarda ansioso pela beatificação de Bárbara, que terá a presença do monsenhor Angelo Amato, representante do Papa Bento XVI. No dia seguinte à celebração, Onorino estará em Caxias para participar da inauguração de um monumento em homenagem à religiosa, que será erguido no pátio da igreja de Santa Lúcia do Piaí. A imagem retratará, além da madre, dois homens carregando uma criança. Quando é indagado sobre o milagre, Onorino fica com a voz embargada e volta a ser o menino tido como abençoado.

– Lembro de minhas mãos queimadas. É um milagre. Eu rezo todas as noites para a madre. Eu enxergo ela na minha frente – emociona-se.

Bárbara Maix e sua Congregação

- Bárbara Maix  nasceu em Viena, na Áustria, no dia 27 de junho de 1818. Era filha de família pobre. Aos 15 anos, ficou órfã de pai e mãe.
 
- Após um curso de modista, reuniu moças e abriu uma casa para empregadas e desempregadas domésticas do interior. Passou então a se dedicar à formação de jovens mulheres, à oração e a trabalhos manuais.
 
- Seu objetivo era fundar uma congregação, mas a situação política de Viena não era favorável à formação de comunidades religiosas. Perseguida, transferiu-se para o Brasil.
 
- Com 21 companheiras, chegou ao Rio de Janeiro em 9 novembro de 1848. Apesar das dificuldades, criou a Fundação da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria em 1849.
 
- A congregação se caracterizou pelo amor aos pobres, especialmente às meninas órfãs e desvalidas. Morreu no dia 17 de março de 1873.
 
- A congregação se espalhou pelo Brasil e por outros países, sempre apoiando idosos, pobres, doentes, usuários de drogas, crianças, adolescentes, mulheres e deficientes físicos, entre outros. Além de uma sede, possui cinco províncias e inúmeras comunidades.
 
- Caxias é sede da Província Nossa Senhora de Fátima (Rua Santos Dumont, 179, Lourdes). Essa província é responsável por 29 comunidades espalhadas na Serra, no Paraguai e em Moçambique, na África.
Beatificação
 
Quem tiver interesse em participar da celebração de beatificação da Madre Bárbara Maix, no dia 6 de novembro, em Porto Alegre, pode reservar passagens na secretaria da paróquia de Lourdes (Rua Angelina Michielon, 936, fone 54 3222.1636). O valor do bilhete de ida e volta custa R$ 15.  


blogbeatificacao@gmail.com

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