“Estou muito contente de encontrar-me
convosco nesta nobre terra da Albânia, terra de herois que sacrificaram
sua vida pela independência do país, terra dos mártires, que deram
testemunho de sua fé nos tempos difíceis de perseguição”, disse o papa
Francisco às autoridades albanesas que o receberam neste domingo, 21, em
Tirana, capital albanesa. Entre os presentes estavam o presidente
albanês, Bujar Nishani, o núncio apostólico, dom Ramiro Moliner Inglés, e
o primeiro ministro, Edi Rama.
Na oportunidade, Francisco falou sobre o
caminho da Albânia na recuperação de suas liberdades civis e
religiosas, alertou para a instrumentalização das diferenças entre as
religiões e elogiou a convivência pacífica e a colaboração entre os
membros de diversos credos na terra albanesa.
“Passou quase um quarto de século desde
que a Albânia encontrou de novo o caminho árduo, porém, emocionante, da
liberdade. Graças a ele, a sociedade albanesa pôde iniciar um caminho de
reconstrução material e espiritual, implantou tantas iniciativas e
abriu-se à colaboração e ao intercâmbio com os países vizinhos dos
Balcãs e Mediterrâneos, da Europa e de todo o mundo. A liberdade
recuperada permite-lhes olhar para o futuro com confiança e esperança,
colocar em marcha projetos e tecer novas relações de amizade com as
nações próximas e distantes”, expôs o papa.
Sobre os direitos humanos, Francisco
destacou a liberdade religiosa e de expressão como condição prévia para o
desenvolvimento social e econômico de um país. “Quando se respeita a
dignidade do homem, seus direitos são reconhecidos e tutelados, floresce
também a criatividade e a engenhosidade. A personalidade humana mostra
suas múltiplas iniciativas em favor do bem comum”, ressaltou.
Paz
Francisco manifestou alegria com a
convivência pacífica e a colaboração entre os que pertencem a diversas
religiões no país. Disse que esta “feliz” característica precisa ser
preservada com todo cuidado e interesse. “O clima de respeito e
confiança recíproca entre católicos, ortodoxos e muçulmanos é um bem
precioso para o país e adquire um relevo especial neste tempo em que,
por parte de grupos extremistas, se desnaturaliza o autêntico sentido
religioso, e em que as diferenças entre as diversas confissões se
distorcem e se instrumentalizam, fazendo delas um fator perigoso de
conflito e violência, ao invés de uma ocasião de diálogo aberto e
respeitoso e de reflexão comum sobre o significado do crer em Deus e
seguir sua lei”, acrescentou.
Para o papa Francisco, “ninguém pode
esconder-se em Deus quando projeta e realiza atos de violência e abusos,
nem quando toma a religião como pretexto para as próprias ações
contrárias à dignidade do homem e seus direitos fundamentais.
Francisco enfatizou que, a exemplo do
que demonstra a Albânia, é possível e realizável a convivência pacífica e
frutífera entre pessoas e comunidades que pertencem a diferentes
religiões. “É um bem inestimável para a paz e o desenvolvimento
harmoniosos de um povo”, afirmou.
Disse
que após o inverno de isolamento e de perseguições na Albânia, veio a
primavera da liberdade. Citou as eleições livres e as novas estruturas
institucionais, que têm consolidado o pluralismo democrático e a
recuperação da atividade econômica.
Quanto à Igreja Católica, Francisco
lembrou que lugares de culto são edificados ou construídos, a exemplo do
Santuário da Virgem do Bom Conselho em Scutari. Falou ainda das
fundações de escolas e importantes centros educativos e de assistência.
“A presença da Igreja e sua ação é percebida justamente como um serviço
não somente para a comunidade católica, mas para toda a nação”, disse.
O papa recordou ainda da beata Madre Teresa e dos mártires, “que deram testemunho heroico de sua fé”.
Juventude
Após o encontro com as autoridades
albanesas, Francisco celebrou missa na Praça Madre Teresa, onde falou
aos presentes de diferentes lugares da Albânia e de outros países
vizinhos, com especial atenção à juventude. “Queridos jovens, vós sois a
nova geração da Albânia, o futuro do país. Com a força do Evangelho e o
exemplo de vossos antepassados e dos mártires, digam não à idolatria do
dinheiro, não à enganosa liberdade individualista, não às dependências e
à violência; digam sim à cultura do encontro e da solidariedade, à
beleza inseparável do bem e da verdade, à vida entregue com generosidade
e fidelidade às pequenas coisas. Assim construireis a Albânia e um
mundo melhor, seguindo os passos de vossos antepassados, também dos que
hoje levam adiante a Albânia”.
Esta é
a quarta viagem apostólica de Francisco e a segunda de um pontífice à
Terra da Águia, como é conhecida a Albânia. Em 1993, o papa João Paulo
II esteve no país, após o estabelecimento das relações diplomáticas
entre Santa Sé e a República albanesa.
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