quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Jornal Agora: Educandário Coração de Maria completa 150 anos

Agregar princípios cristãos à formação integral da criança e do adolescente, através de uma proposta pedagógica que oportunize condições para o desenvolvimento das mais diversas potencialidades. Essa é a missão do Educandário Coração de Maria, instituição de ensino e obra assistencial, fundada pelo major Miguel Tito de Sá em 1861, e que completa, nesta segunda-feira, 15, 150 anos de existência.
Foto: Fábio Dutra
De acordo com a história, o objetivo inicial era amparar, educar e formar meninas órfãs da cidade em uma casa que, no princípio, foi edificada no entorno da Praça 7 de setembro, sob o nome "Asilo de Órfãs Coração de Maria", em 15 de agosto de 1861. A partir do ano de 1903, a direção interna do Educandário passou à Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, enquanto a externa foi composta por membros da comunidade.
 
 
 

As rotinas da casa ofereciam à internas, naquela época, aulas básicas de costura e bordado, práticas educativas, conhecimentos culinários, entre outras atividades. "Nossa intenção foi sempre preparar as meninas para que saíssem prontas para a vida, tornando-se mulheres feitas, assumindo a postura de ótimas donas de casa, para que pudessem viver dignamente", disse a irmã Marilze Carbonera, que trabalha na instituição há 42 anos.

De acordo com ela, as oficinas permanecem até hoje, embora o sistema de internato já não exista mais. Atualmente, algumas crianças frequentam a escola no formato de semi-internato, no período da manhã até o final da tarde, em turmas que vão desde a Educação Infantil até o 4º ano do ensino fundamental. Elas recebem três refeições diárias, instrução curricular, formação religiosa, reforço escolar, atividades recreativas, entre outras atividades. "Tenho saudades daquele tempo, porque elas saíam daqui prontas, dominando tudo que é tipo de costura, por exemplo. Hoje, elas saem muito pequenas, e o tempo de convívio parece cada vez mais curto", completou a irmã.

Foi em 1947 que a entidade adquiriu o terreno para construção de um novo espaço, maior, para abrigar mais jovens da região. O novo prédio, na avenida Presidente Vargas, teve a obra acelerada em função do incêndio que atingiu as antigas instalações, e foi concluído em 1953. E 20 anos depois, já na década de 70, o regime de internato começou a ser substituído, gradativamente,  pelo modelo atual.

 
 
 
"Temos, hoje, 257 crianças integradas no ensino regular, com acesso á aulas de informática e língua estrangeira. Dessas, 128 frequentam em sistema de semi-internato. Com 30 anos de trabalho,  posso dizer que aprendi muito com esses alunos, aqui dentro. É parte da minha vida", disse Gilsilene Machado, diretora desde 2009. De acordo com ela, foi nesse ano que, enquanto professora leiga, assumiu a direção, dando continuidade ao projeto político pedagógico da Congregação, em parceria com a Equipe Diretiva, formada pelas três irmãs em atividade.

Segundo a diretora, o Educandário, em sua caminhada, realizou várias etapas de atualização, com o objetivo de propiciar um ambiente onde as crianças possam resgatar e multiplicar a cidadania, exercendo seus valores como sujeitos.

Percorrendo os corredores da escola, é possível perceber que os princípios filosóficos e pedagógicos permanecem, expostos no comportamento e na educação dos estudantes. As salas, amplas, abrigam desde grupos de estudo, laboratórios, biblioteca, até recreação e espaço para oficinas, entre elas, reciclagem, canto e qualidade de vida.

Com relação à manutenção, o Educandário conta com poucos recursos, provenientes do Brechó, realizado periodicamente, colaboradores particulares, Prefeitura Municipal, com cedência de professores, estabelecimentos comerciais, voluntários e promoções. Entretanto, de acordo com a diretora, nem mesmo os limites financeiros e outros desafios impedem o emprego de todos os esforços possíveis em busca do desenvolvimento da sociabilidade, criatividade, auto-estima, crescimento cultural, cristão e ético.

"Somos uma instituição católica, mas que não exclui crianças de outras religiões. Aceitamos todos os tipos de crença, e mantemos os grupos de catequese em parceria com voluntários da comunidade", acrescentou. Para Gilsilene, enquanto integrante do corpo de professores da escola, o aspecto mais importante passa pela formação integral do aluno, que hoje é mais exigente. "Precisamos sempre colher e acolher o desejo desses estudantes, transformando em posicionamento, na busca por uma sociedade mais justa e humana", concluiu.


 
 
 

Publicado originalmente:

Jornal Agora
Por Anelize Kosinski
anelize@jornalagora.com.br

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