sábado, 25 de abril de 2009

ENTREVISTA: Ir. Marlise Hendges, Diretora Geral da congregação fala ao Blog Pró-Beatificação

Queridos Amigos e Amigas,

Sem dúvida tivemos uma semana abençoada. Após longa expectativa, o Congresso de Teólogos aprovou o milagre de Onorio Ecker, atribuído a Bárbara Maix. A notícia ainda causa ressonância. Deus seja louvado!

E dando prosseguimento a série de entrevistas para o blog, quem nos fala agora é Irmã Marlise Hendges, Diretora Geral da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. A diretora relata importância do processo de beatificação da fundadora Bárbara Maix para a Congregação e para a Igreja como um todo.

Sobre Bárbara, Ir. Marlise afirma “Era preciso que o seu exemplo fosse divulgado, para que outras pessoas pudessem se inspirar e perceber que a doação da vida, apesar dos sofrimentos, vale a pena”.

Por: Magnus Regis
blogbeatificaçao@gmail.com


Confira!


Ir. Marlise Hendges
Diretora Geral


Blog: Irmã Marlise, a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, vive a expectativa da Beatificação de Bárbara Maix, que já foi declarada venerável. O que representa a Beatificação da fundadora para a Congregação e para a Igreja?

Ir. Marlise:
A Beatificação de Bárbara será um evento de um significado profundo e comprometedor para a Congregação. Ao mesmo tempo em que é motivo de alegria e louvor a Deus, pelo reconhecimento da sua vida de santidade, que vai se consolidando é, também, um apelo e um desafio para uma verdadeira conversão, para que vivamos do modo como ela viveu. Assim, acreditamos, será um revigoramento para toda a Congregação, levando-nos a buscar na fonte original a força dinamizadora para darmos continuidade a esta obra que, conforme Bárbara afirmou, é de Deus. À medida que a Congregação foi conhecendo mais a vida da Fundadora, sua missão, seus escritos, foi percebendo que não poderia reter esta riqueza de vida apenas para si. Era preciso que o seu exemplo fosse divulgado, para que outras pessoas pudessem se inspirar e perceber que a doação da vida, apesar dos sofrimentos, vale a pena e que leva à verdadeira realização. Foi, dessa forma, iniciado o processo de Beatificação que está chegando, acreditamos, à feliz culminância. A Beatificação de Bárbara representa também uma homenagem pública que a Congregação presta à sua Fundadora, revelando para a Igreja e para o mundo, o quanto foi fecunda e eficaz sua vida e missão, à testa da Congregação, que já completa 160 anos de existência. Ao declarar Bárbara como Beata, a Igreja apresentará mais um exemplo de alguém que viveu e se comprometeu com a fé cristã, no concreto da vida.

Blog: Bárbara Maix foi uma mulher à frente de seu tempo. Que marcas ela deixou que hoje podem ser assimiladas não apenas pelas Irmãs mas a Igreja em geral?


Ir. Marlise:
Sim, considerando a época em que viveu, em que a mulher era colocada em situação de inferioridade, Bárbara assumiu sua condição feminina com grande maturidade, autonomia e espírito de iniciativa, pouco comuns às mulheres de então. Vivendo num período de dominação e autoritarismo, soube adotar critérios democráticos e participativos com os sujeitos da missão. O “fino trato”, que recomendava às Irmãs, era também a forma como ela própria lidava com as pessoas. Possuía uma psicologia natural nas relações humanas, priorizando o respeito à individualidade, a educação integral da pessoa, a promoção e a dignidade humana e a opção preferencial pelos pobres. Exigia condições de vida digna para atender as meninas órfãs e empobrecidas, que lhe eram confiadas. Ao mesmo tempo, adotava posicionamento firme e decidido com autoridades que não concordavam com suas exigências e seu modo cristão de agir e de educar. Esse posicionamento firme e decidido era fruto da clareza de princípios que possuía e do cultivo de uma profunda intimidade com Deus. Foi corajosa e profética ao apresentar valores éticos, morais e espirituais que se opunham aos valores da sociedade. Sempre e em tudo procurou fazer a VONTADE DE DEUS. Hoje, como naquela época, a Vida Religiosa está inserida numa realidade injusta e contrária ao Projeto de Deus. Com Bárbara aprendemos que não podemos nos calar. Nosso ser, agir e falar devem ser uma denúncia das injustiças e anúncio do Projeto de Deus, de um Deus que caminha com seu povo.

Blog: Bárbara está a ponto de ser beatificada, mas em muitas comunidades, a fundadora é considerada uma Santa pelo povo por conta da forte devoção. De onde surge tanta confiança?

Ir. Marlise:
Eu acredito, Magnus, que a confiança das pessoas em Bárbara brota, exatamente, da santidade da sua vida. As pessoas, à medida que vão conhecendo sua vida, todo o bem que realizou, a doação total aos empobrecidos, acreditam que ela já é santa. Sua atitude profética, a capacidade de amar e perdoar, a resistência ao sofrimento, a heroicidade das virtudes e a profunda intimidade com a Trindade, são provas suficientes para acreditar que ela está no céu, junto de Deus, e de lá pode interceder em favor dos que a invocam. E esta fé se comprova pelas inúmeras graças alcançadas. Muitas pessoas comunicaram ter alcançado graças por intermédio dela. Já existem duas edições do livro publicado com o título: “Pediram e alcançaram”. Hoje continuamos a receber cartas de pessoas agraciadas nas mais diferentes situações. E a cura de Onorino Ecker, reconhecida como verdadeiro MILAGRE, no Congresso dos Teólogos, no dia 22 de abril, é uma das provas mais convincentes da santidade da nossa Venerável Bárbara Maix. As pessoas que tem a oportunidade de conhecê-la passam a contar com sua ajuda nas situações concretas da vida e, dizem, alcançarem ajuda por seu intermédio. Isso ocorre com muita frequência.

Blog:
Fazendo uma leitura da vida de Bárbara Maix, qual a principal mensagem que ela nos deixa hoje?

Ir. Marlise:
Para Bárbara, mais do que tudo vale a Vontade de Deus. E a vontade de Deus é que “todos tenham vida e a tenham em abundância”. Dentro do sistema capitalista neoliberal, que gera pobreza, fome, desemprego, exclusão e marginalização, Bárbara nos desafia a defender e a promover a vida, em fidelidade ao Reino de Deus. Nas Constituições de 1852 ela afirma: “Todas/os estão seriamente obrigadas/os a não esquecer os pobres”. Conclama-nos a sermos um testemunho vivo, alegre e eficaz do Reino de Deus, buscando força e alento numa profunda intimidade com a Trindade, confiando plenamente na ação de Deus e inspirando-nos em Maria, como discípula missionária de Jesus de Nazaré. A vivência do perdão, o amor aos pequenos e pobres, a ousadia e o profetismo na defesa da dignidade humana, são apelos fortes que Bárbara deixa para todo o cristão que deseja viver com coerência o seu batismo. A coragem e a fortaleza de Bárbara, diante das inúmeras provações que enfrentou, nos desafiam a não desanimar, a nos manter firmes e confiantes na luta em defesa da vida, especialmente das/os empobrecidas/os. Convoca-nos, ainda, a assumir a missão em Comunidade, a exemplo das Primeiras Comunidades Cristãs, amando e perdoando incondicionalmente a todas/os. Afirma Bárbara: “A caridade deve ser a primeira lei desta Congregação. (...) esta só lei unirá tão estreitamente todos os membros desta Congregação, que todos eles não formarão senão um só coração e uma só alma”. (Const. 1857). Com certeza, e acima de tudo, Bárbara deseja que as Irmãs do Imaculado Coração de Maria, juntamente com todas as pessoas que se empenham na mesma missão continuem, hoje, colaborando na transformação do rosto desfigurado do mundo, em rosto do Cristo Ressuscitado – o Reino de Deus.

Conselho Geral da Congregação
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